Complicações Mais Comuns na Hemodiálise Pediátrica e Estratégias de Prevenção

Introdução

A hemodiálise é um tratamento essencial para crianças com doença renal crônica em estágio avançado. Apesar de sua importância, esse procedimento pode trazer desafios significativos para a saúde e o bem-estar dos pequenos pacientes. Complicações como quedas de pressão, infecções e desequilíbrios no organismo são comuns e exigem atenção constante da equipe de saúde.

Por isso, é fundamental que enfermeiros e outros profissionais estejam bem-preparados para identificar, prevenir e manejar essas situações, garantindo um cuidado seguro e eficaz para as crianças em tratamento.

Complicações Comuns e Estratégias de Prevenção

Durante a hemodiálise pediátrica, algumas complicações são mais frequentes e podem impactar negativamente a saúde das crianças. A seguir, destacamos as principais e como preveni-las:

  • Hipotensão Arterial Durante a Sessão: A queda da pressão arterial é uma das complicações mais comuns durante a hemodiálise em crianças. Ela pode causar sintomas como tontura, náuseas, fraqueza e até perda de consciência. Essa condição geralmente ocorre devido à remoção rápida de líquidos durante o tratamento. Para prevenir, pode-se: monitorar constantemente os sinais vitais da criança durante a sessão; ajustar a taxa de remoção de líquidos conforme a tolerância do paciente; e orientar os responsáveis sobre a importância de controlar a ingestão de líquidos entre as sessões (Barros, 2022);
  • Infecções Relacionadas ao Acesso Vascular: Crianças em hemodiálise necessitam de acessos vasculares, como cateteres ou fístulas, que podem ser portas de entrada para infecções. Sinais como febre, vermelhidão no local do acesso ou presença de secreção podem indicar infecção. Para prevenir, pode-se: manter técnica asséptica rigorosa durante a manipulação do acesso; inspecionar o local do acesso diariamente em busca de sinais de infecção; e educar os cuidadores sobre os cuidados com o acesso em casa (Barros, 2022);
  • Dificuldades com o Acesso Vascular: Devido ao tamanho reduzido dos vasos sanguíneos em crianças, a criação e manutenção de acessos vasculares adequados podem ser desafiadoras, aumentando o risco de trombose e infecções. Para prevenir, pode-se: utilizar equipamentos e técnicas adaptadas para o público pediátrico; realizar avaliações regulares da funcionalidade do acesso; e trabalhar em conjunto com a equipe médica para planejar intervenções precoces quando necessário (Jung et al., 2021);
  • Desequilíbrios Hidroeletrolíticos: A hemodiálise pode levar a alterações nos níveis de eletrólitos, como sódio, potássio e cálcio, resultando em sintomas como cãibras, fraqueza muscular e arritmias cardíacas. Para prevenir, pode-se: monitorar os níveis de eletrólitos antes e após as sessões de diálise; ajustar a composição do líquido de diálise conforme as necessidades individuais; e orientar sobre a dieta adequada para manter o equilíbrio eletrolítico (Jung et al., 2021);
  • Síndrome do Desequilíbrio Dialítico: Essa síndrome é rara, mas pode ocorrer, especialmente em pacientes iniciando a hemodiálise. Caracteriza-se por sintomas neurológicos como dor de cabeça, náuseas, vômitos e, em casos graves, convulsões. Para prevenir, pode-se: iniciar o tratamento dialítico de forma gradual, com sessões mais curtas e menos intensas; monitorar atentamente os sintomas neurológicos durante e após as sessões; e estar preparado para intervir rapidamente caso os sintomas apareçam (Maia et al., 2020).

A atuação proativa da equipe de enfermagem é essencial para identificar precocemente essas complicações e implementar medidas preventivas eficazes, garantindo a segurança e o bem-estar das crianças em hemodiálise.

Benefícios para a Prática Clínica

O conhecimento e a vigilância sobre as complicações da hemodiálise pediátrica permitem que o enfermeiro:

  • Proporcione um cuidado mais seguro e eficaz.
  • Reduza a incidência de eventos adversos.
  • Melhore a qualidade de vida dos pacientes pediátricos.
  • Fortaleça a confiança dos familiares no tratamento (Flythe et al., 2015).

Algumas dicas práticas são:

  • Mantenha uma comunicação aberta com a criança e seus responsáveis, explicando cada etapa do tratamento.
  • Participe de treinamentos e atualizações sobre hemodiálise pediátrica.
  • Colabore com a equipe multidisciplinar para um cuidado integrado (Flythe et al., 2015).

Conclusão

A hemodiálise pediátrica apresenta desafios únicos que exigem atenção e preparo dos profissionais de enfermagem. A prevenção e o manejo adequado das complicações são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das crianças em tratamento. Investir em educação continuada e especialização na área de nefrologia é fundamental para aprimorar a prática clínica e oferecer um cuidado de excelência.

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Referências

Barros, A. L. (2022). “A Realização de Hemodiálise no Público Pediátrico.” Atena Editora.

Flythe, J. E., et al. (2015). “Complications of Hemodialysis in Children.” Journal of Pediatric Nephrology, 30(7), 1005–1013.

Jung, J. Y., et al. (2021). “Optimal Hemodialysis Treatment for Pediatric Kidney Failure Patients.” Kidney Research and Clinical Practice, 40(4), 578–595.

Maia, M. S., et al. (2020). “O Papel do Enfermeiro na Hemodiálise Pediátrica.” ResearchGate.

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