Introdução
A hipotensão intradialítica é uma das complicações mais frequentes e preocupantes durante as sessões de hemodiálise. Ela acontece quando a pressão arterial do paciente cai de forma significativa durante o tratamento, trazendo riscos sérios para a saúde. Quando isso ocorre, o paciente pode começar a sentir tontura, fraqueza, câimbras nas pernas, náuseas, suor frio e até desmaiar. Em casos mais graves, se essa queda de pressão não for tratada rapidamente, pode causar lesão em órgãos importantes como o coração e o cérebro, além de levar à necessidade de interromper a diálise antes do tempo programado.
Por isso, é fundamental que o enfermeiro que atua na nefrologia esteja sempre atento e preparado para agir. Reconhecer os primeiros sinais da hipotensão, agir com rapidez, segurança e orientar tanto a equipe quanto o próprio paciente é essencial para garantir a segurança do tratamento. A intervenção rápida pode evitar que uma situação simples evolua para algo mais grave.
Além disso, a educação continuada do enfermeiro faz toda a diferença. Atualizar conhecimentos, aprender novas estratégias de prevenção e tratamento e desenvolver o olhar crítico são atitudes que contribuem para oferecer um cuidado de excelência aos pacientes em diálise. Vamos entender juntos como agir diante desses casos e por que o aprimoramento constante é tão importante!
O que é a Hipotensão Intradialítica?
A hipotensão intradialítica é definida como a queda da pressão arterial durante uma sessão de hemodiálise. De maneira prática, consideramos hipotensão quando a pressão sistólica (o número maior da pressão) diminui 20 mmHg ou mais em comparação com o valor antes da diálise, ou quando o paciente apresenta sinais e sintomas de baixa perfusão, como tontura, suor frio ou desmaio (Flythe et al., 2020).
Durante o atendimento, é fundamental que o enfermeiro saiba reconhecer rapidamente os principais sintomas da hipotensão intradialítica:
- Tontura e sensação de desmaio;
- Câimbras musculares;
- Náuseas e vômitos;
- Palidez (pele muito pálida);
- Suor frio (sudorese);
- Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos);
- Confusão mental (dificuldade para pensar ou se comunicar).
A ocorrência de hipotensão durante a diálise é bastante comum. Estudos mostram que ela pode acontecer em 15% a 50% das sessões de hemodiálise. Os pacientes mais vulneráveis são, principalmente, os idosos, pessoas com diabetes e aqueles que têm doenças cardíacas (Davenport, 2020). Por isso, conhecer o quadro clínico do paciente, acompanhar a evolução dos sinais vitais durante a sessão e agir preventivamente são práticas indispensáveis para garantir um tratamento mais seguro.
Causas Comuns da Hipotensão Durante a Diálise
Para prevenir a hipotensão intradialítica, é muito importante que o enfermeiro conheça bem as principais causas desse problema. Com um olhar atento e intervenções rápidas, muitas vezes é possível evitar que o paciente passe mal durante a sessão (Sands et al., 2020). As causas mais comuns incluem:
- Ultrafiltração excessiva: Quando retiramos muito líquido do sangue em um curto período de tempo, o corpo pode não conseguir se adaptar, levando à queda de pressão.
- Baixo volume sanguíneo antes da diálise: Pacientes que já chegam desidratados para a sessão têm maior risco de desenvolver hipotensão.
- Problemas cardíacos: Condições como insuficiência cardíaca dificultam o bombeamento do sangue e aumentam a chance de queda de pressão durante o tratamento.
- Uso de medicamentos anti-hipertensivos: Se o paciente tomou remédios para pressão alta antes da diálise, o efeito dos medicamentos pode potencializar a queda de pressão durante o procedimento.
- Alimentação durante a sessão: Comer durante a hemodiálise pode redistribuir o fluxo sanguíneo para o sistema digestivo, reduzindo ainda mais a pressão arterial.
Por exemplo, imagine que um paciente chega para a hemodiálise depois de tomar os remédios de pressão e fazer uma refeição pesada. No meio da sessão, ele começa a se queixar de tontura, sente suor frio e seu rosto fica pálido. Um enfermeiro atento pode perceber esses sinais rapidamente, diminuir a taxa de ultrafiltração, reposicionar o paciente e iniciar medidas de suporte para evitar complicações maiores. Entender essas causas permite ao profissional agir de forma antecipada, planejando a sessão de forma personalizada e reduzindo significativamente os riscos para o paciente (Kuipers et al., 2019).
Como o Enfermeiro Pode Intervir Rapidamente?
Quando a hipotensão intradialítica acontece, a ação rápida do enfermeiro pode salvar vidas. Veja as principais intervenções que devem ser aplicadas:
- Posicione o paciente adequadamente: Deite o paciente e eleve suas pernas, favorecendo o retorno do sangue ao coração;
- Interrompa ou diminua a ultrafiltração: Reduzir a quantidade de líquido retirada ajuda a estabilizar o volume circulante;
- Infunda solução salina 0,9%: Aplicar soro fisiológico por via intravenosa é uma medida eficaz para restaurar a pressão arterial rapidamente;
- Ajuste a máquina de hemodiálise: Se necessário, reduza o fluxo de sangue na bomba temporariamente;
- Monitore sinais vitais constantemente: Verifique a pressão arterial e a frequência cardíaca a cada 5 minutos até estabilizar o quadro;
- Documente tudo no prontuário: Detalhe a ocorrência, as ações realizadas e os resultados obtidos;
- Avalie estratégias para a próxima sessão: Em conjunto com a equipe médica, considere ajustar o peso seco, reduzir a meta de ultrafiltração ou rever o uso de medicamentos.
Além disso, é essencial orientar os pacientes a evitarem refeições durante a diálise e, se possível, ajustar o horário de medicações anti-hipertensivas conforme orientação médica (Kuipers et al., 2019).
Como Prevenir a Hipotensão Intradialítica?
A prevenção da hipotensão intradialítica é sempre o melhor caminho para garantir a segurança do paciente durante a diálise. Entre as estratégias que o enfermeiro pode adotar estão: avaliar regularmente o peso seco do paciente, garantindo que ele não esteja acima do ideal; controlar a retirada de líquidos de forma gradual e personalizada; e planejar a sessão de diálise levando em consideração o estado clínico atual do paciente (Daugirdas et al., 2022).
Durante o procedimento, é fundamental monitorar sinais de fadiga, fraqueza ou alterações súbitas, e estimular o paciente a relatar qualquer sintoma, mesmo que leve, o mais rápido possível. Estudos mostram que programas de educação continuada focados na identificação precoce e na gestão da hipotensão intradialítica conseguiram reduzir em até 30% os episódios graves em unidades de diálise que capacitaram suas equipes (Daugirdas et al., 2022). A atuação preventiva do enfermeiro é essencial para uma sessão mais segura e eficaz.
Benefícios para a Prática Clínica
Dominar o manejo da hipotensão intradialítica traz inúmeros benefícios para o dia a dia do enfermeiro na unidade de diálise. Isso inclui a melhora significativa da segurança do paciente, a redução da taxa de internações hospitalares por complicações relacionadas à diálise e o aumento da confiança da equipe e dos próprios pacientes no serviço prestado (Sesso et al., 2023).
Além disso, sessões de hemodiálise mais tranquilas e eficazes contribuem para um ambiente de trabalho mais estável e produtivo. Para o profissional de enfermagem, desenvolver essa competência também fortalece sua atuação, abrindo oportunidades para posições de liderança na enfermagem nefrológica e valorizando sua carreira. A recomendação prática é: participe de treinamentos periódicos e busque cursos de atualização em nefrologia, para estar sempre preparado para agir com rapidez e segurança diante dos desafios da prática clínica (Sesso et al., 2023).
Conclusão
Reconhecer e agir rapidamente diante da hipotensão intradialítica é uma habilidade essencial para todo enfermeiro que atua com pacientes em hemodiálise. Cada intervenção segura e eficiente impacta diretamente na qualidade de vida do paciente e na excelência do serviço prestado.
A educação continuada é o que transforma um bom profissional em um profissional de excelência. Se você quer crescer na carreira, se destacar na área e transformar a vida dos seus pacientes, especializar-se em Nefrologia é o caminho!
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Referências
Daugirdas JT, et al. (2022). Handbook of Dialysis (6ª edição). Wolters Kluwer.
Davenport A. (2020). Intradiaysis hypotension—prevention and management. Nature Reviews Nephrology, 16(7), 377-388.
Flythe JE, et al. (2020). Association of Intradialytic Hypotension with Mortality, Hospitalization, and Cardiovascular Events in Outpatients Receiving Maintenance Hemodialysis: A Systematic Review and Meta-analysis. American Journal of Kidney Diseases, 76(2), 204-213.
Kuipers J, et al. (2019). Frequency of intradialytic hypotension and associated patient outcomes. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, 14(4), 579-587.
Sands JJ, et al. (2020). Intradiaysis Hypotension: Frequency, Consequences, and Management. Kidney Medicine, 2(3), 243-250.
Sesso, R. C. et al. (2023). Redução de episódios de hipotensão intradialítica com capacitação da equipe de enfermagem. Brazilian Journal of Nephrology.