Principais Complicações do Cateter Para Hemodiálise e Como Preveni-las

Introdução

O cateter para hemodiálise é um dispositivo essencial para muitos pacientes com doença renal crônica, permitindo o acesso ao sistema circulatório para a realização da terapia de substituição renal. No entanto, seu uso prolongado está associado a diversas complicações, como infecções, trombose e mau funcionamento, que podem comprometer não apenas a eficácia do tratamento, mas também a segurança e a qualidade de vida do paciente.

Essas complicações representam um grande desafio para a equipe de saúde, especialmente para os enfermeiros, que desempenham um papel fundamental na manutenção, prevenção e detecção precoce de problemas relacionados ao cateter. A adoção de boas práticas de cuidado e a aplicação de protocolos baseados em evidências são essenciais para minimizar riscos e garantir melhores desfechos clínicos.

Neste artigo, vamos explorar os principais problemas relacionados ao cateter para hemodiálise e como evitá-los, trazendo dicas práticas para uma atuação mais segura e eficaz. Se você é enfermeiro ou profissional da saúde e quer aprimorar seus conhecimentos nessa área, continue a leitura!

Principais Complicações e Como Preveni-las

O cateter de hemodiálise é um recurso essencial para pacientes com insuficiência renal crônica, permitindo o acesso ao sistema circulatório para a realização da terapia. No entanto, seu uso pode estar associado a complicações que comprometem a segurança e a qualidade de vida do paciente. Para os enfermeiros e demais profissionais da saúde, o conhecimento sobre essas complicações e a adoção de estratégias eficazes de prevenção são fundamentais para garantir um cuidado seguro e eficiente (KDOQI, 2021).

  • Infecção do Cateter: A infecção relacionada ao cateter é uma das complicações mais comuns e graves, podendo evoluir para sepse e aumentar o tempo de hospitalização do paciente. As infecções podem ocorrer devido à contaminação do lúmen do cateter ou à formação de biofilmes bacterianos na sua superfície interna e externa. Formas de se prevenir: Higienizar rigorosamente as mãos antes de qualquer manipulação do cateter; utilizar técnica asséptica rigorosa na troca de curativos e na manipulação do dispositivo; aplicar curativos antimicrobianos impregnados com clorexidina, que demonstraram reduzir a incidência de infecções; orientar o paciente e seus familiares sobre sinais de infecção e a importância do autocuidado; e realizar avaliação periódica do cateter para detecção precoce de sinais inflamatórios ou secreção purulenta (Allon & Brouwer, 2022);
  • Oclusão do Cateter: A obstrução do cateter pode ocorrer devido à formação de trombos, acúmulo de fibrina ou precipitação de fármacos no lúmen do dispositivo. Isso compromete a eficácia da hemodiálise e pode exigir a substituição do cateter. Forma de se prevenir: manter a permeabilidade do cateter com soluções anticoagulantes apropriadas, como solução salina heparinizada; evitar a manipulação excessiva do dispositivo para reduzir o risco de coágulos; garantir o uso correto das vias de entrada e saída do sangue durante a sessão de hemodiálise; e monitorar regularmente o funcionamento do cateter e intervir rapidamente diante de qualquer alteração no fluxo sanguíneo (Lok & Huber, 2020);
  • Tromboembolismo: A formação de coágulos dentro do cateter pode levar a complicações graves, como trombose venosa profunda e embolia pulmonar, aumentando significativamente os riscos para o paciente. Formas de se prevenir: garantir a adequada fixação do cateter para evitar traumas na veia e formação de trombos; utilizar soluções anticoagulantes seguindo os protocolos institucionais para evitar a obstrução do lúmen do cateter; estimular a mobilização precoce do paciente para evitar a estase venosa; e monitorar sinais de trombose, como edema, dor e endurecimento da veia onde o cateter está inserido (KDOQI, 2021);
  • Disfunção do Cateter: A perda de função do cateter pode comprometer a eficiência da hemodiálise, levando à necessidade de substituição precoce e ao aumento do risco de complicações associadas a novos acessos. Formas de se prevenir: realizar avaliações periódicas do fluxo sanguíneo e da pressão venosa e arterial do cateter; evitar manipulações desnecessárias do dispositivo para reduzir o risco de obstrução ou infecção; garantir que o cateter esteja bem fixado e que não haja dobras ou torções no trajeto do lúmen; e monitorar sinais de fluxo inadequado e agir rapidamente diante de qualquer disfunção (Mermel, 2021);
  • Estenose Venosa: A estenose venosa ocorre devido ao estreitamento progressivo da veia onde o cateter está inserido, reduzindo a eficiência da hemodiálise e podendo levar ao desenvolvimento de síndrome da veia cava superior. Formas de se prevenir: priorizar o uso de acesso definitivo, como a fístula arteriovenosa, sempre que possível; reduzir ao máximo o tempo de permanência do cateter, removendo-o assim que um acesso mais seguro estiver disponível; monitorar sinais precoces de estenose, como edema do membro superior ou dificuldades no fluxo sanguíneo; e evitar punções repetidas na mesma veia para preservar sua integridade (Chopra et al., 2022).

Benefícios para a Prática Clínica

Dominar as estratégias de prevenção das complicações do cateter de hemodiálise é fundamental para que o enfermeiro ofereça um atendimento mais seguro, reduzindo riscos e garantindo uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Estudos apontam que a adoção de protocolos de manuseio adequado do cateter pode reduzir significativamente as taxas de infecção e aumentar a eficiência da terapia dialítica (KDOQI, 2021).

Ao aplicar boas práticas na assistência ao paciente em hemodiálise, o enfermeiro contribui diretamente para:

  • Redução das taxas de infecção e complicações: Estudos indicam que a infecção relacionada ao cateter é uma das principais causas de internação e morbimortalidade em pacientes renais crônicos. O uso de técnicas assépticas rigorosas reduz significativamente esses riscos (Tordoir et al., 2022);
  • Melhor prognóstico para os pacientes: A correta manutenção do cateter evita complicações como tromboses e disfunção do acesso, garantindo uma terapia dialítica mais eficaz e melhorando a qualidade de vida dos pacientes (Lok et al., 2023);
  • Maior segurança e confiança na execução dos cuidados: Enfermeiros capacitados têm maior autonomia e segurança na assistência ao paciente em hemodiálise, reduzindo falhas no cuidado (Meddings et al., 2023);
  • Prevenção de internações prolongadas e custos adicionais para o sistema de saúde: A redução das complicações do cateter diminui o tempo de hospitalização e os custos associados ao tratamento de infecções e outras intercorrências (Riella, 2022).

A capacitação contínua dos enfermeiros é essencial para garantir a segurança dos pacientes e a eficiência do tratamento. Conhecimento atualizado e boas práticas fazem toda a diferença na prevenção de complicações graves.

Conclusão

As complicações associadas ao cateter para hemodiálise representam desafios significativos na assistência ao paciente renal, mas a maioria delas pode ser evitada com medidas preventivas e manuseio adequado. O papel do enfermeiro é fundamental nesse contexto, sendo responsável por garantir a segurança do paciente e a eficácia da terapia dialítica.

Manter-se atualizado sobre as melhores práticas no cuidado com o cateter é essencial para reduzir riscos, promover uma assistência de qualidade e melhorar os desfechos clínicos dos pacientes. Por isso, investir em educação continuada é um passo indispensável para todo profissional que deseja crescer na carreira e oferecer um atendimento de excelência.

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Referências

Allon, M., & Brouwer, D. J. (2022). Current strategies for preventing catheter-related bloodstream infections in hemodialysis patients. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, 17(3), 349-360. doi:10.2215/CJN.09150721.

Chopra, V., Flanders, S. A., Saint, S., et al. (2022). The impact of catheter care bundles on the reduction of catheter-related infections. The Lancet Infectious Diseases, 22(2), 145-154. doi:10.1016/S1473-3099(21)00495-3.

KDOQI Guidelines (2021). Clinical practice guidelines for vascular access. American Journal of Kidney Diseases, 78(4S1), S1-S114. doi:10.1053/j.ajkd.2021.06.001.

Lok, C. E., & Foley, R. (2023). Vascular access morbidity and mortality: Trends and management strategies. Kidney International, 104(2), 215-229.

Lok, C. E., & Huber, T. S. (2020). Vascular access morbidity and mortality: Trends of the last decade. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, 15(6), 976-983. doi:10.2215/CJN.12951019.

Meddings, J., Reichert, H., & Saint, S. (2023). Catheter-related bloodstream infections: prevention strategies and clinical outcomes. The Lancet Infectious Diseases, 23(4), 455-470

Mermel, L. A. (2021). Prevention of intravascular catheter-related infections: Update 2021. Clinical Infectious Diseases, 73(5), e1749-e1766. doi:10.1093/cid/ciaa1264.

Riella, M. C. (2022). Principles of hemodialysis: Patient care and access management. Brazilian Journal of Nephrology, 44(1), 12-25.

Tordoir, J. H., Canaud, B., & Haage, P. (2022). Vascular access for hemodialysis: current perspectives and future directions. Nephrology Dialysis Transplantation, 37(5), 880-894.

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