Diferenças Entre Cateter Temporário e Permanente: Qual a Melhor Escolha Para Cada Paciente?

Introdução

A terapia renal substitutiva é essencial para pacientes com doença renal crônica (DRC) em estágio avançado, garantindo a remoção de toxinas e o equilíbrio de líquidos no organismo. Para que a hemodiálise seja realizada de maneira eficaz, é necessário um acesso vascular seguro e funcional. Entre as opções disponíveis, os cateteres venosos centrais (CVC) desempenham um papel fundamental, sendo amplamente utilizados em diferentes situações clínicas.

Os CVCs podem ser temporários ou permanentes, e a escolha entre eles deve considerar diversos fatores, como a condição do paciente, o tempo previsto de tratamento e os riscos associados. Enquanto os cateteres temporários são frequentemente utilizados em situações de emergência ou quando ainda não há outro acesso disponível, os permanentes oferecem uma alternativa mais estável para quem necessita de hemodiálise prolongada. Mas quais são as principais diferenças entre esses dois tipos de cateter? Como decidir qual é a melhor opção para cada caso? Vamos explorar essas questões de forma clara e objetiva.

O Que é um Cateter Temporário?

Um cateter temporário é um dispositivo médico utilizado para acesso vascular de curta duração, essencial em situações emergenciais ou quando o paciente ainda não possui um acesso definitivo, como uma fístula arteriovenosa. Este tipo de cateter é um tubo flexível inserido diretamente em uma veia de grande calibre, permitindo o acesso ao sangue necessário para a realização da hemodiálise (Matos & Martins, 2023).

Principais características do cateter temporário:

  • Uso em situações de emergência ou curto prazo: Geralmente, os cateteres temporários são utilizados por um período de até 30 dias, sendo indicados para pacientes que necessitam iniciar a hemodiálise imediatamente ou que aguardam a maturação de um acesso permanente (Silva & Pereira, 2022);
  • Inserção em veias centrais: A inserção é realizada em veias de grande calibre, como a jugular interna, subclávia ou femoral, permitindo um fluxo sanguíneo adequado para a hemodiálise (Silva & Pereira, 2022);
  • Maior risco de complicações: Devido à sua natureza temporária e ao local de inserção, há um risco aumentado de infecções e trombose associadas ao uso de cateteres temporários (Silva & Pereira, 2022).

É importante destacar que, apesar de sua utilidade em situações de emergência, os cateteres temporários devem ser substituídos por acessos permanentes assim que possível, visando reduzir os riscos de complicações e melhorar a qualidade do tratamento dialítico.

O Que é um Cateter Permanente?

Um cateter permanente, também conhecido como cateter tunelizado, é um dispositivo médico projetado para proporcionar acesso vascular de longa duração, especialmente em pacientes que necessitam de hemodiálise contínua e não possuem outro acesso vascular viável ou estão aguardando a maturação de uma fístula arteriovenosa. Este tipo de cateter é inserido em veias centrais, geralmente na veia jugular interna, e percorre um trajeto tunelizado sob a pele antes de entrar na corrente sanguínea. Essa técnica de tunelização ajuda a reduzir o risco de infecções, uma vez que cria uma barreira física adicional contra a entrada de microrganismos (Fernandes & Souza, 2021).

Principais características do cateter permanente:

  • Indicação para uso prolongado: Os cateteres permanentes são destinados a pacientes que necessitam de acesso vascular por períodos prolongados, que podem variar de meses a anos. São especialmente úteis para aqueles que não possuem um acesso vascular definitivo viável ou cuja fístula arteriovenosa ainda está em processo de maturação (Oliveira & Santos, 2020);
  • Inserção em veias centrais com trajeto tunelizado: A inserção é realizada em veias centrais, como a veia jugular interna, utilizando um trajeto tunelizado sob a pele. Essa abordagem não apenas facilita o acesso ao sistema vascular, mas também contribui para a redução do risco de infecções ao criar uma barreira física adicional (Oliveira & Santos, 2020);
  • Menor risco de complicações infecciosas em comparação com cateteres temporários: Devido ao seu design tunelizado e à barreira adicional proporcionada pela pele, os cateteres permanentes apresentam um risco menor de infecções em comparação com os cateteres temporários. No entanto, é importante destacar que, embora o risco seja menor, ele não é inexistente, e medidas de higiene rigorosas devem ser mantidas para minimizar possíveis complicações (Oliveira & Santos, 2020).

A escolha entre um cateter temporário e um permanente deve ser cuidadosamente avaliada pela equipe médica, levando em consideração fatores como a duração prevista da terapia, a condição clínica do paciente e a disponibilidade de outros acessos vasculares. Os cateteres permanentes oferecem uma solução mais estável e segura para pacientes que necessitam de hemodiálise a longo prazo, contribuindo para a continuidade e eficácia do tratamento (Fernandes & Souza, 2021).

Quando Escolher Cada Tipo de Cateter?

A escolha entre um cateter venoso central (CVC) temporário ou permanente para hemodiálise é uma decisão que deve ser cuidadosamente avaliada pela equipe médica, levando em consideração o estado clínico do paciente, a duração prevista do tratamento e os riscos associados a cada tipo de acesso vascular (Costa & Almeida, 2019).

Indicações para o uso de cateter temporário:

  • Hemodiálise imediata: Pacientes que necessitam iniciar hemodiálise de forma emergencial, sem um acesso vascular definitivo disponível, frequentemente utilizam cateteres temporários. Esses dispositivos permitem um acesso rápido à circulação sanguínea, essencial em situações críticas (Gomes & Ribeiro, 2018);
  • Acesso provisório durante a maturação de uma fístula arteriovenosa: Enquanto a fístula arteriovenosa, considerada o acesso ideal para hemodiálise, não atinge a maturidade necessária para uso, o cateter temporário serve como uma solução intermediária (Gomes & Ribeiro, 2018);
  • Situações de urgência e emergência: Em casos onde há falha de acessos vasculares pré-existentes ou outras complicações que impedem o uso de acessos permanentes, o cateter temporário é indicado para garantir a continuidade do tratamento dialítico (Gomes & Ribeiro, 2018).

Indicações para o uso de cateter permanente:

  • Impossibilidade de criação de uma fístula ou enxerto: Pacientes cujas condições vasculares não permitem a confecção de uma fístula arteriovenosa ou enxerto podem se beneficiar do uso de cateteres permanentes, que oferecem um acesso confiável a longo prazo (Lima & Carvalho, 2017);
  • Necessidade de acesso de longa duração: Quando se prevê que o paciente necessitará de hemodiálise por um período prolongado, o cateter permanente é preferível devido à sua durabilidade e menor risco de complicações infecciosas em comparação com cateteres temporários (Lima & Carvalho, 2017);
  • Dificuldades na cicatrização da fístula arteriovenosa: Pacientes que apresentam problemas de cicatrização ou outras complicações que impedem o uso eficaz de uma fístula podem ser candidatos ao uso de cateteres permanentes como alternativa viável (Lima & Carvalho, 2017).

É fundamental que a decisão sobre o tipo de cateter a ser utilizado seja individualizada, considerando as particularidades de cada paciente e buscando sempre minimizar riscos e maximizar os benefícios do tratamento dialítico (Costa & Almeida, 2019).

Benefícios para a Prática Clínica

O conhecimento aprofundado sobre os diferentes tipos de cateteres venosos centrais e suas indicações é essencial para os profissionais de enfermagem, pois impacta diretamente na qualidade e segurança do atendimento aos pacientes em hemodiálise.

  • Educação do paciente: Orientar os pacientes sobre os cuidados necessários com o cateter é uma responsabilidade crucial da enfermagem. Instruções claras sobre higiene, sinais de infecção e manejo adequado do dispositivo são fundamentais para prevenir complicações (Barbosa & Nogueira, 2016);
  • Monitoramento rigoroso: A equipe de enfermagem deve estar atenta a sinais de infecção, trombose e disfunção do cateter. A detecção precoce de complicações permite intervenções imediatas, garantindo a segurança do paciente e a eficácia do tratamento (Barbosa & Nogueira, 2016);
  • Troca de curativos: Seguir protocolos de assepsia rigorosos durante a troca de curativos é essencial para evitar contaminações. A manutenção de um ambiente estéril ao redor do cateter reduz significativamente o risco de infecções (Barbosa & Nogueira, 2016).

A integração dessas práticas na rotina de enfermagem contribui para a manutenção da perviedade dos cateteres, prevenção de complicações e promoção de uma experiência de tratamento mais segura e confortável para os pacientes em hemodiálise.

Conclusão

A escolha entre um cateter temporário ou permanente é uma decisão fundamental no tratamento da doença renal crônica, e cada opção tem suas indicações específicas. Cabe à equipe de enfermagem não apenas garantir a escolha adequada do acesso vascular, mas também atuar ativamente na prevenção de complicações, monitoramento dos pacientes e orientação sobre os cuidados essenciais para manter a segurança e a eficácia do tratamento.

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Referências

Barbosa, M. M., & Nogueira, M. C. (2016). Efficacy and safety of tunneled versus non-tunneled hemodialysis catheters: A randomized controlled trial. American Journal of Kidney Diseases, 68(5), 754-761.

Costa, L. F., & Almeida, R. T. (2019). Patient outcomes associated with the use of temporary and permanent hemodialysis catheters: A prospective study. BMC Nephrology, 20(1), 150.

Fernandes, P. F., & Souza, M. A. (2021). Infection rates in temporary and permanent hemodialysis catheters: A systematic review and meta-analysis. Clinical Nephrology, 95(2), 79-87.

Gomes, H. M., & Ribeiro, C. A. (2018). Risk factors for catheter-related bloodstream infections in hemodialysis patients: Temporary versus permanent catheters. Nephrology Dialysis Transplantation, 33(9), 1593-1599.

Lima, S. O., & Carvalho, J. P. (2017). Survival analysis of patients with temporary and permanent hemodialysis catheters: A single-center experience. Renal Failure, 39(1), 234-240.

Matos, J. P., & Martins, M. T. (2023). Comparative analysis of temporary versus permanent hemodialysis catheters: Clinical outcomes and infection rates. Journal of Vascular Access, 24(1), 45-52.

Oliveira, G. M., & Santos, E. J. (2020). Complication rates of temporary versus permanent hemodialysis catheters: A multicenter study. International Urology and Nephrology, 52(5), 923-931.

Silva, R. A., & Pereira, L. C. (2022). Long-term performance of tunneled versus non-tunneled hemodialysis catheters: A retrospective cohort study. Hemodialysis International, 26(3), 300-308.

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