Critérios para o Paciente Entrar na Fila de Transplante Renal: O que o Enfermeiro Precisa Saber?

Introdução

O transplante renal é amplamente reconhecido como uma das principais opções de tratamento para pacientes com doença renal crônica em estágio avançado. Ao substituir a função dos rins comprometidos, o transplante proporciona uma melhora significativa na qualidade de vida e aumenta a sobrevida dos pacientes em comparação com terapias como a hemodiálise. Além dos benefícios físicos, muitos pacientes relatam uma sensação renovada de liberdade e bem-estar após o procedimento.

Contudo, para que um paciente seja incluído na lista de espera para o transplante, é necessário que ele atenda a critérios específicos estabelecidos pelas autoridades de saúde. Nesse contexto, os enfermeiros desempenham um papel essencial, pois são responsáveis por orientar e preparar os pacientes, garantindo que eles compreendam os requisitos necessários e estejam aptos para o processo de inclusão na lista de espera. Essa orientação adequada não apenas facilita a inclusão, mas também contribui para o sucesso do transplante e para a recuperação pós-operatória.

Critérios para Entrada na Fila de Transplante Renal

A inclusão na fila de transplante renal é um processo criterioso que visa assegurar que os pacientes mais aptos e necessitados recebam o órgão disponível. Inicialmente, é fundamental que o paciente tenha um diagnóstico de doença renal crônica em estágio 5, também conhecida como insuficiência renal crônica terminal, caracterizada por uma taxa de filtração glomerular inferior a 15 mL/min. Interessantemente, a inscrição na fila pode ocorrer mesmo antes do início da terapia dialítica, especialmente se houver indicações de que a substituição da função renal será necessária em breve (Agraharkar & Mehta, 2020).

Após a confirmação do estágio avançado da doença, o paciente deve ser submetido a uma avaliação médica completa. Essa avaliação envolve uma série de exames laboratoriais que analisam as funções hepática, hematológica e imunológica, além de exames de imagem, como ultrassonografias, ecocardiogramas e radiografias, que fornecem uma visão abrangente da saúde geral do indivíduo. Adicionalmente, são realizados testes de compatibilidade imunológica, como a tipagem HLA e a pesquisa de anticorpos, para aumentar as chances de sucesso do transplante e minimizar o risco de rejeição do órgão (Bohlouli et al., 2022).​

É crucial que o paciente não apresente contraindicações absolutas ao transplante. Condições como câncer ativo ou histórico recente de neoplasias agressivas, infecções graves não controladas, como HIV ou hepatite, doenças cardiovasculares severas sem possibilidade de controle e uso inadequado de medicações imunossupressoras podem impedir a realização do procedimento. Além disso, fatores como falta de entendimento sobre o procedimento, doenças psiquiátricas não controladas, uso de substâncias ilícitas, não adesão ao tratamento atual e idade muito avançada também são considerados na avaliação (Costa et al., 2021).

A avaliação psicossocial é outro componente essencial do processo. A adesão ao tratamento após o transplante é fundamental para evitar complicações e garantir a longevidade do enxerto. Pacientes com histórico de abuso de drogas, alcoolismo ou transtornos psiquiátricos graves podem necessitar de acompanhamento especializado antes de serem considerados aptos para a inscrição na fila (Oliveira & Costa, 2019).​

Após a conclusão de todas as avaliações e confirmada a elegibilidade, o paciente é cadastrado no Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A distribuição de órgãos é realizada com base em critérios como compatibilidade HLA, tempo de diálise e urgência do caso, assegurando que os órgãos disponíveis sejam destinados aos pacientes que mais se beneficiarão do transplante.

Benefícios para a Prática Clínica

A atuação da enfermagem é fundamental no preparo e acompanhamento de pacientes que aguardam ou já passaram pelo transplante renal. Enfermeiros bem capacitados têm a capacidade de identificar precocemente pacientes elegíveis para a fila de transplante, orientando-os sobre os exames necessários, a documentação exigida e os cuidados pré e pós-operatórios (Pereira & Silva, 2020).

Além disso, reforçam continuamente a importância da adesão ao tratamento, esclarecendo dúvidas e desmistificando aspectos relacionados ao procedimento. O suporte emocional oferecido pelo enfermeiro é igualmente vital, proporcionando ao paciente e à sua família confiança e segurança durante todo o processo. Estudos recentes destacam que a educação e o acompanhamento de enfermagem no pré e pós-transplante estão associados a melhores desfechos clínicos e maior satisfação dos pacientes (Pereira & Silva, 2020). ​

Conclusão

A inscrição na fila de transplante renal representa uma etapa crucial na jornada de pacientes com doença renal crônica. O enfermeiro, com sua expertise e dedicação, desempenha um papel indispensável nesse percurso, oferecendo suporte, orientação e cuidado humanizado. Profissionais bem-preparados fazem a diferença na segurança dos pacientes e na qualidade do atendimento.

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Referências

Agraharkar, M., & Mehta, K. (2020). Patient preparation for kidney transplant surgery: Role of multidisciplinary care. Transplantation Reviews.

Bohlouli, B., et al. (2022). Preoperative factors influencing kidney transplantation outcomes. Journal of Clinical Transplantation Research.

Costa, R., et al. (2021). Prevention of post-transplant complications: The role of nursing care. Journal of Nephrology & Transplantation Nursing.

Oliveira, A., & Costa, E. (2019). Patient education in the post-transplant period: Promoting adherence and preventing complications. Journal of Clinical Nursing.

Pereira, D., & Silva, J. (2020). Humanized care in the transplant setting: A focus on nursing. Transplant Nursing.

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