Como Monitorar Reações Adversas a Medicamentos em Pacientes Renais Crônicos?

Introdução

Pacientes com doença renal crônica (DRC) precisam de cuidados muito especiais, principalmente quando o assunto é o uso de medicamentos. Como os rins são responsáveis por eliminar muitas substâncias do organismo, quando eles não funcionam bem, os remédios podem se acumular no corpo e causar reações adversas graves. Por isso, é fundamental que enfermeiros e profissionais de saúde saibam monitorar esses efeitos e agir rápido em situações de risco. Este texto traz dicas práticas, informações atualizadas e reforça a importância da especialização em Nefrologia.

Por que pacientes renais crônicos têm maior risco de reações adversas?

Pacientes com doença renal crônica (DRC) enfrentam desafios significativos no uso de medicamentos devido à função renal comprometida. Os rins são essenciais para eliminar substâncias do corpo, incluindo muitos medicamentos. Quando os rins não funcionam adequadamente, esses medicamentos podem se acumular no organismo, aumentando o risco de efeitos colaterais graves (Laville et al., 2023).

Um exemplo notável é a vancomicina, um antibiótico que requer ajuste de dose em pacientes com DRC para evitar toxicidade renal. Estudos mostram que doses elevadas de vancomicina estão associadas a um aumento no risco de lesão renal aguda em pacientes com função renal comprometida (Filippone et al., 2017).

Além disso, a maioria das reações adversas a medicamentos em pacientes com DRC está relacionada a doses inadequadas ou interações medicamentosas. A polifarmácia, comum nesses pacientes, aumenta ainda mais o risco de interações prejudiciais (Filippone et al., 2017).

Quais são os principais sinais de alerta?

É fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais que podem indicar reações adversas a medicamentos em pacientes com DRC. Esses sinais incluem confusão mental repentina, sonolência excessiva, tremores ou convulsões, alterações na pressão arterial, coceira, vermelhidão ou erupções na pele e queda no nível de consciência (Santos & Xavier, 2020).

O enfermeiro deve monitorar continuamente o paciente, especialmente após o início ou ajuste de algum medicamento. A identificação precoce desses sinais permite intervenções rápidas, reduzindo o risco de complicações graves (Santos & Xavier, 2020).

Como fazer o monitoramento correto?

O monitoramento adequado de pacientes com DRC em uso de medicamentos é crucial para prevenir reações adversas. Primeiramente, é essencial analisar a prescrição médica, verificando se as doses estão ajustadas conforme a função renal do paciente, utilizando a taxa de filtração glomerular (TFG) como referência (Silva et al., 2022).

Além disso, é importante avaliar regularmente os sinais vitais e sintomas do paciente, estando atento a qualquer alteração clínica. Ferramentas como a Escala de Naranjo podem auxiliar na identificação de possíveis reações adversas a medicamentos (Marquito, 2015).

Caso sejam observadas alterações suspeitas, a equipe médica deve ser comunicada imediatamente para ajustes na terapia. Por exemplo, um paciente em hemodiálise que inicia tratamento com digoxina e apresenta visão embaçada e bradicardia pode estar sofrendo intoxicação pela droga, exigindo intervenção rápida para evitar complicações graves (Marquito, 2015).

Medicamentos que exigem maior atenção na DRC

Em pacientes com DRC, alguns medicamentos requerem atenção especial devido ao risco aumentado de toxicidade. Entre eles estão antibióticos como vancomicina, gentamicina e ciprofloxacino, que podem causar lesão renal se não forem adequadamente dosados. Anticonvulsivantes como fenitoína e gabapentina também necessitam de ajustes de dose para evitar efeitos adversos. Anti-hipertensivos, especialmente os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA), podem levar à hiperpotassemia (Hammoud et al., 2022).

Antidiabéticos como a metformina apresentam risco de acidose láctica em pacientes com função renal comprometida. Anticoagulantes como heparina e varfarina aumentam o risco de sangramentos e devem ser usados com cautela (Hammoud et al., 2022).

Benefícios para a Prática Clínica

O monitoramento eficaz de reações adversas a medicamentos em pacientes com DRC traz inúmeros benefícios para a prática clínica. Reduz o risco de complicações graves, melhora a segurança do paciente e torna o cuidado mais humanizado e eficaz (Toaldo et al., 2020).

Além disso, aumenta a confiança da equipe multidisciplinar na atuação do enfermeiro e promove condutas baseadas em evidências. Implementar protocolos de sinais de alerta para reações adversas na unidade de saúde facilita a atuação rápida e padronizada da equipe de enfermagem (Toaldo et al., 2020).

Conclusão

O monitoramento de reações adversas a medicamentos em pacientes renais crônicos é uma das responsabilidades mais importantes da enfermagem nefrológica. Com conhecimento, atenção aos sinais clínicos e comunicação eficaz com a equipe, é possível prevenir complicações e garantir um cuidado seguro e de qualidade.

Investir em especialização é o melhor caminho para atuar com segurança e confiança. A pós-graduação em Nefrologia da NefroPós é uma oportunidade única para enfermeiros que desejam se destacar na área, com formação prática, professores experientes e conteúdo atualizado.

Referências

Filippone, E. J., et al. (2017). The Nephrotoxicity of Vancomycin. Clinical Pharmacology & Therapeutics.

Hammoud, K. M., et al. (2022). Evaluation of potential drug-drug interactions and adverse drug reactions among chronic kidney disease patients: An experience from United Arab Emirates. Tropical Journal of Pharmaceutical Research, 21(3), 623–630.

Laville, S. M., et al. (2023). Kidney Function Decline and Serious Adverse Drug Reactions in Chronic Kidney Disease. American Journal of Kidney Diseases.

Marquito, A. B. (2015). Estudo das interações medicamentosas potenciais na terapêutica de pacientes com doença renal crônica em tratamento conservador. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Juiz de Fora.

Santos, J. F. R., & Xavier, R. M. F. (2020). Nefrotoxicidade em notificações de suspeita de eventos adversos a medicamento: estudo descritivo de dados reportados ao sistema VigiMed em 2019. Vigilância Sanitária em Debate, 8(1), 1–10.

Silva, A. L. C., et al. (2022). Potenciais interações medicamentosas graves em pacientes com doença renal crônica não dialítica: uma frequência preocupante. Research, Society and Development, 11(1), e36311124907.

Toaldo, F., et al. (2020). Análise da segurança do uso de imunossupressores por pacientes insuficientes renais. Infarma – Ciências Farmacêuticas, 32(4), 374–382.

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