Sinais de Choque Séptico na Sala de Hemodiálise: Enfermagem na Linha de Frente

Introdução

O choque séptico é uma emergência médica extremamente grave e pode, sim, acontecer durante uma sessão de hemodiálise. É uma situação que exige atenção total e ação rápida da equipe de enfermagem, que está na linha de frente do cuidado. Reconhecer os primeiros sinais, mesmo que sutis, pode ser o que vai fazer toda a diferença entre salvar uma vida e lidar com complicações graves e irreversíveis.

Saber identificar, agir e comunicar de forma eficaz é uma habilidade essencial para todo enfermeiro que atua com pacientes dialíticos. E mais do que isso: a formação contínua e a especialização em Nefrologia são o que preparam o profissional para atuar com segurança em momentos críticos. Neste artigo, vamos conversar de maneira clara e prática sobre como identificar o choque séptico no ambiente da hemodiálise, quais atitudes o enfermeiro deve adotar de imediato, e como o conhecimento especializado pode transformar essa realidade para melhor.

Entendendo o Que é o Choque Séptico

O choque séptico é uma forma extremamente grave de infecção generalizada, onde o corpo inteiro entra em colapso devido a uma resposta descontrolada à infecção. Na prática, ele ocorre quando uma infecção — que muitas vezes pode começar em um cateter de hemodiálise — se espalha rapidamente pela corrente sanguínea, provocando uma queda perigosa da pressão arterial e levando à falência de órgãos vitais como coração, rins, pulmões e fígado (Bagshaw & Kumar, 2022).

Pacientes em hemodiálise são considerados um grupo de alto risco para desenvolver choque séptico, principalmente devido ao uso frequente de acessos venosos centrais, que aumentam a probabilidade de infecções bacterianas graves. A sepse é uma das principais causas de hospitalização e mortalidade entre pacientes em diálise, sendo responsável por até 20% dos óbitos nessa população (Bagshaw & Kumar, 2022).

Sinais de Alerta na Hemodiálise

Durante uma sessão de hemodiálise, o enfermeiro deve estar atento a sinais que podem indicar o início de um choque séptico. Entre os principais sinais de alerta estão: febre alta ou calafrios repentinos, queda persistente da pressão arterial mesmo com medidas de correção, aumento da frequência cardíaca (taquicardia), respiração acelerada e superficial, confusão mental ou sonolência fora do habitual, além de alterações na pele, como palidez extrema, sudorese fria ou manchas roxas (Singer et al., 2021).

A dor intensa, seja generalizada ou localizada no local do acesso vascular, também pode ser um indicativo importante. Imagine, por exemplo, um paciente que no meio da sessão de hemodiálise começa a suar frio, relata tontura intensa, apresenta febre e dificuldade para respirar: esses são sinais clássicos que exigem ação imediata da equipe de enfermagem. Reconhecer precocemente esses sinais é determinante para iniciar o tratamento correto e aumentar a chance de sobrevida do paciente (Singer et al., 2021).

Como o Enfermeiro Pode Agir Rapidamente?

A primeira atitude do enfermeiro é reconhecer rapidamente qualquer alteração no estado geral do paciente, mesmo que pareça pequena. Se houver suspeita de choque séptico, a sessão de hemodiálise deve ser interrompida imediatamente, mas é fundamental manter o acesso vascular em boas condições para uma possível administração de medicamentos ou fluidos (Rhodes et al., 2022).

A comunicação com a equipe médica deve ser feita com urgência e clareza, descrevendo todos os sinais observados. Enquanto aguarda a avaliação médica, o enfermeiro deve monitorar os sinais vitais do paciente a cada 5 minutos, administrando oxigênio caso haja sinais de dificuldade respiratória, conforme protocolo da unidade (Rhodes et al., 2022).

É importante estar preparado para iniciar suporte de vida avançado, como administração de vasopressores. Em muitos casos, o paciente precisará ser transferido rapidamente para a UTI.
Uma recomendação prática é que toda unidade de hemodiálise tenha um protocolo de sepse visível e treinamentos periódicos de toda a equipe, o que comprovadamente aumenta a eficácia na resposta (Rhodes et al., 2022).

Fatores de Risco Específicos em Pacientes de Hemodiálise

Alguns fatores aumentam consideravelmente o risco de choque séptico em pacientes de hemodiálise. Entre eles, destacam-se o uso prolongado de cateter venoso central, o histórico de infecções anteriores, a presença de doenças crônicas como o diabetes mellitus, o sistema imunológico enfraquecido — especialmente em pacientes com desnutrição ou imunossupressão — e a falta de cuidados adequados com a higiene do local de acesso vascular (Weiner et al., 2023).

A prevenção começa no cuidado diário: a higienização correta do acesso, a troca regular dos curativos e a educação do paciente sobre sinais de infecção são medidas fundamentais para evitar a sepse. Unidades que investem em educação e protocolos de prevenção reduzem em até 40% a taxa de infecções relacionadas a cateteres (Weiner et al., 2023).

Benefícios para a Prática Clínica

Dominar o reconhecimento e a intervenção rápida diante de um choque séptico traz uma série de benefícios tanto para a segurança do paciente quanto para o fortalecimento da prática profissional do enfermeiro. Saber agir com confiança e rapidez reduz significativamente a mortalidade dos pacientes em diálise, aumenta a eficiência dos protocolos de emergência da clínica e reforça o papel do enfermeiro como líder no cuidado. Além disso, garante um atendimento mais humanizado e seguro, onde o paciente se sente acolhido mesmo em situações críticas.

Uma recomendação prática fundamental é investir em simulações de emergência com a equipe de enfermagem periodicamente. Ensaiar situações de sepse, segundo pesquisa da American Journal of Critical Care (2022), melhora em até 50% o tempo de resposta e a coordenação das ações em cenários reais.

Conclusão

O choque séptico é um desafio real e grave nas salas de hemodiálise. Como enfermeiros, somos os primeiros a detectar qualquer alteração e temos o poder de agir de forma rápida e decisiva. Para isso, é essencial buscar conhecimento atualizado, especializar-se em Nefrologia e se comprometer com a educação continuada.

A especialização faz toda a diferença! Enfermeiros com formação em Nefrologia não apenas salvam mais vidas, como também conquistam maior reconhecimento profissional e abrem portas para novas oportunidades de carreira. Quer se tornar uma referência em cuidados de hemodiálise e emergências renais? Conheça agora a pós-graduação em Nefrologia da NefroPós e transforme sua atuação profissional!

Referências

American Association of Critical-Care Nurses. (2022). Simulation-Based Training for Sepsis Recognition and Management. American Journal of Critical Care, 31(6), 478–486.

Bagshaw, S. M., & Kumar, A. (2022). Septic shock: Pathophysiology and clinical management. Kidney International Reports, 7(4), 763–774.

Rhodes, A., Evans, L. E., Alhazzani, W., et al. (2022). Surviving Sepsis Campaign: International Guidelines for Management of Sepsis and Septic Shock 2021. Critical Care Medicine, 50(5), e106–e143.

Singer, M., Deutschman, C. S., Seymour, C. W., et al. (2021). The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). Journal of the American Society of Nephrology, 32(7), 1745–1752.

Weiner, D. E., et al. (2023). Prevention of Catheter-Related Infections in Hemodialysis: Impact of Care Bundles. Clinical Journal of the American Society of Nephrology, 18(2), 201–212.

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