Introdução
Durante as sessões de hemodiálise, é relativamente comum que alguns pacientes experimentem episódios de desmaio, conhecidos como síncope. Esses episódios podem ser assustadores tanto para o paciente quanto para a equipe de saúde. A síncope ocorre quando há uma queda súbita na pressão arterial, levando à perda temporária da consciência. Isso pode acontecer devido à remoção excessiva de líquidos durante a diálise, mudanças rápidas na pressão arterial ou outros fatores relacionados ao tratamento.
Estar preparado para identificar rapidamente os sinais de alerta e agir com segurança e agilidade é fundamental para os profissionais de enfermagem. A atuação correta pode prevenir complicações graves e garantir o bem-estar do paciente. Portanto, é essencial que a equipe de saúde esteja bem treinada e atenta durante todo o procedimento de hemodiálise.
O que é a síncope durante a hemodiálise?
A síncope durante a hemodiálise é uma perda súbita e temporária da consciência, geralmente causada por uma queda significativa na pressão arterial. Durante o tratamento, isso pode ocorrer devido à remoção excessiva de líquidos, mudanças rápidas na pressão arterial ou outros fatores relacionados à diálise. Estudos indicam que a hipotensão intradialítica, que pode levar à síncope, ocorre em até 30% das sessões de hemodiálise (Agarwal, 2019).
Essa condição não apenas causa desconforto imediato, como tontura e desmaios, mas também está associada a riscos aumentados de complicações cardiovasculares e redução da eficácia do tratamento. Portanto, é crucial que os profissionais de saúde estejam atentos aos sinais precoces e adotem medidas preventivas para minimizar a ocorrência desses episódios (Silva & Viegas, 2019).
Sinais de alerta
Reconhecer os sinais que antecedem a síncope é essencial para garantir a segurança do paciente em hemodiálise. A equipe de enfermagem precisa estar sempre atenta a sintomas que podem indicar uma queda iminente da pressão arterial. Entre os principais sinais de alerta estão a tontura, sensação de desmaio, náuseas, visão turva, suor frio em excesso, palidez e queda da pressão arterial (Usvyat et al., 2022).
Esses sintomas geralmente aparecem de forma súbita e devem ser interpretados como um pedido de socorro do corpo. Ao perceber qualquer um desses sinais, a equipe deve agir rapidamente, interrompendo a ultrafiltração, reposicionando o paciente e avaliando seus sinais vitais. Quanto mais precoce for a intervenção, menores serão os riscos de complicações (Usvyat et al., 2022).
Como agir diante de um episódio de síncope?
Quando o paciente apresenta sinais claros de síncope ou já perdeu a consciência, é hora de colocar em prática o plano de ação. O primeiro passo é interromper imediatamente a ultrafiltração, pois a retirada contínua de líquidos pode agravar ainda mais a hipotensão. Em seguida, é indicado posicionar o paciente deitado de costas com as pernas elevadas, ou utilizar a posição de Trendelenburg, que ajuda a direcionar o fluxo sanguíneo ao cérebro (Alhawassi et al., 2023).
Se necessário, deve-se administrar solução fisiológica intravenosa para ajudar na estabilização da pressão arterial. Monitorar os sinais vitais com frequência e observar o nível de consciência do paciente também são atitudes fundamentais. E, claro, a equipe médica deve ser acionada rapidamente para orientar a conduta e avaliar a gravidade do caso. Intervenções rápidas como essas são eficazes e podem evitar consequências mais sérias (Alhawassi et al., 2023).
Prevenção da síncope durante a hemodiálise
Prevenir a síncope é sempre melhor do que tratar suas consequências. Algumas estratégias simples, mas eficazes, podem ser adotadas na rotina da hemodiálise para reduzir os riscos. A primeira delas é a avaliação criteriosa do paciente antes da sessão, principalmente se ele for idoso ou tiver histórico de episódios de hipotensão. Outra medida importante é o controle cuidadoso da taxa de ultrafiltração, evitando retiradas bruscas de grandes volumes de líquido (Canaud et al., 2022).
Ajustar a temperatura do dialisato para valores mais baixos também pode contribuir para a estabilidade hemodinâmica. E não podemos esquecer da educação do paciente: orientá-lo a relatar qualquer sintoma como tontura, náusea ou fraqueza é essencial para uma intervenção precoce. A implementação de protocolos específicos de enfermagem voltados à prevenção da hipotensão intradialítica tem mostrado ótimos resultados na prática clínica (Canaud et al., 2022).
Benefícios para a prática clínica
Capacitar a equipe de enfermagem para lidar com episódios de síncope durante a hemodiálise vai além da segurança imediata do paciente: isso fortalece toda a prática clínica. Quando a equipe sabe exatamente como agir, o atendimento se torna mais ágil, eficaz e seguro. Pacientes atendidos por profissionais bem-preparados sentem-se mais acolhidos, confiantes e satisfeitos com o tratamento. Além disso, o conhecimento técnico reduz complicações, melhora os desfechos clínicos e traz mais tranquilidade para toda a equipe. Ter enfermeiros bem treinados faz toda a diferença no dia a dia da clínica e contribui para a construção de um ambiente de cuidado mais qualificado (Kooman & van der Sande, 2022).
Conclusão
A síncope durante a hemodiálise é um evento que pode assustar, mas com preparo, conhecimento e protocolos bem definidos, a equipe de enfermagem pode garantir um atendimento seguro, ágil e humanizado. Saber reconhecer os sinais, agir de forma rápida e adotar medidas preventivas são atitudes que salvam vidas e evitam complicações. E para se destacar nesse cenário, é fundamental investir em educação continuada.
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Referências
Agarwal R. (2019). Prevenção da hipotensão intradialítica. Jornal Brasileiro de Nefrologia.; 41(3):388-398.
Alhawassi, T. M. et al. (2023). Managing intradialytic hypotension: strategies for frontline staff. International Journal of Nephrology and Renovascular Disease, 16, 45–53.
Canaud, B. et al. (2022). Prevention and management of intradialytic hypotension: Best practices. Kidney International Reports, 7(1), 24–35.
Kooman, J. P. & van der Sande, F. M. (2022). The impact of nursing interventions on intradialytic hypotension: what we know and what we need to learn. Hemodialysis International, 26(2), 174–182.
Silva, M. A., & Viegas, S. M. F. (2019). Atuação do enfermeiro nas boas práticas para prevenção de infecção do acesso vascular. Revista BIUS.; 3(1).
Usvyat, L.A. et al. (2022). Intradialytic hypotension in hemodialysis patients: A review of definitions, pathophysiology, and management. Blood Purification, 51(5), 343–351.