Desequilíbrio Hidroeletrolítico: Quando a Enfermagem Precisa Atuar Imediatamente?

Introdução

Manter o equilíbrio de líquidos e eletrólitos no nosso corpo é essencial para que tudo funcione bem. Eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio e magnésio, são minerais que ajudam em várias funções, desde manter os batimentos cardíacos regulares até permitir que os músculos se movam corretamente. Quando esse equilíbrio se altera, podem surgir problemas de saúde.​

Para quem faz hemodiálise, esse equilíbrio é ainda mais delicado. Os rins dessas pessoas não conseguem filtrar e regular os líquidos e eletrólitos como deveriam. A hemodiálise ajuda a remover o excesso de líquidos e resíduos do sangue, mas também pode causar mudanças rápidas nesses níveis, o que pode ser perigoso. Por isso, é fundamental que a equipe de enfermagem esteja sempre atenta e pronta para agir rapidamente, prevenindo complicações graves e garantindo o bem-estar dos pacientes.

Entendendo o Desequilíbrio Hidroeletrolítico

O termo “desequilíbrio hidroeletrolítico” se refere a alterações nos níveis de eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio e magnésio, além das mudanças no volume de líquidos no corpo. Esses desequilíbrios podem ocorrer por vários motivos, incluindo doenças renais, vômitos, diarreia, uso de certos medicamentos e, especialmente, durante a hemodiálise. Pacientes em hemodiálise são particularmente vulneráveis porque o tratamento remove líquidos e eletrólitos do sangue de forma rápida, o que pode levar a alterações significativas nesses níveis (Fonseca et al., 2021).​

Por exemplo, a hemodiálise pode causar uma diminuição rápida do potássio no sangue, levando à hipocalemia, ou uma remoção excessiva de sódio, resultando em hiponatremia. Essas condições podem afetar negativamente o funcionamento do coração e dos músculos, além de causar sintomas como fraqueza, cãibras e arritmias cardíacas. Estudos recentes destacam que o manejo cuidadoso dos níveis de eletrólitos durante a hemodiálise é crucial para prevenir essas complicações e melhorar os resultados para os pacientes (Silva et al., 2020).​

Além disso, a rápida remoção de líquidos pode levar a quedas na pressão arterial e causar tonturas ou desmaios. Portanto, é essencial que a equipe de enfermagem monitore de perto os sinais vitais e os níveis de eletrólitos dos pacientes antes, durante e após a hemodiálise, ajustando o tratamento conforme necessário para manter o equilíbrio adequado e garantir a segurança e o conforto dos pacientes (Silva et al., 2020).​

Sinais de Alerta para a Enfermagem

É crucial que os profissionais de enfermagem estejam atentos aos sinais precoces de desequilíbrios hidroeletrolíticos para intervir de forma oportuna. Alguns sinais de alerta incluem:​

  • Alterações no nível de consciência: Confusão, letargia ou irritabilidade podem indicar desequilíbrios como hiponatremia (baixo nível de sódio) ou hipernatremia (alto nível de sódio);
  • Fraqueza muscular ou cãibras: Podem ser sintomas de hipocalemia (baixo nível de potássio) ou hipermagnesemia (alto nível de magnésio);
  • Arritmias cardíacas: Batimentos cardíacos irregulares podem estar associados a níveis anormais de potássio ou cálcio;
  • Edema: Inchaço em áreas como pernas, tornozelos e pés pode indicar retenção de líquidos;
  • Hipotensão ou hipertensão: Pressão arterial muito baixa ou muito alta pode ser consequência de desequilíbrios de sódio ou alterações no volume de líquidos (Santos et al., 2019).​

Intervenções Imediatas da Enfermagem

Ao identificar sinais de desequilíbrio hidroeletrolítico, a enfermagem deve agir prontamente:

  1. Avaliação e Monitoramento: Realizar avaliações frequentes dos sinais vitais e do estado neurológico do paciente. Monitorar regularmente os níveis de eletrólitos e a função renal através de exames laboratoriais;
  2. Administração de Medicamentos: Administrar suplementos ou agentes corretivos conforme prescrição médica. Por exemplo, em casos de hipocalemia, pode ser necessário administrar suplementos de potássio;
  3. Ajuste na Terapia de Diálise: Colaborar com a equipe multidisciplinar para ajustar a composição do banho de diálise, visando corrigir desequilíbrios específicos;
  4. Educação do Paciente: Orientar o paciente sobre a importância da adesão às restrições dietéticas e de líquidos, bem como reconhecer e relatar sintomas precoces de desequilíbrios (Correia et al., 2022).​

Benefícios para a Prática Clínica

Saber reconhecer e agir rapidamente diante de um desequilíbrio hidroeletrolítico faz toda a diferença na prática clínica da enfermagem nefrológica. Quando o enfermeiro identifica alterações precoces nos níveis de eletrólitos ou no volume de líquidos, é possível intervir antes que o quadro se agrave — prevenindo arritmias, convulsões, quedas abruptas de pressão arterial e até mesmo a morte súbita.

Além de salvar vidas, essa atuação eficaz melhora a experiência do paciente durante a hemodiálise, reduz o número de internações e contribui para a continuidade segura do tratamento. Um estudo recente publicado na Journal of Renal Care (Li et al., 2023) apontou que intervenções de enfermagem focadas no monitoramento e correção precoce de distúrbios hidroeletrolíticos estão associadas a menores taxas de eventos adversos e melhor adesão ao tratamento dialítico.

Outro ponto importante é que profissionais capacitados também se sentem mais seguros e confiantes, o que melhora o ambiente de trabalho e fortalece o vínculo com os pacientes. A prática baseada em evidências, quando aliada ao olhar clínico do enfermeiro, torna o cuidado mais humano, resolutivo e eficiente (Kim & Lee, 2022).

Conclusão

Cuidar de pacientes renais exige muito mais do que saber aplicar técnicas. Exige preparo, sensibilidade e, principalmente, conhecimento atualizado. O manejo correto dos desequilíbrios hidroeletrolíticos é uma habilidade que salva vidas e precisa estar presente no dia a dia de todo enfermeiro que atua com hemodiálise.

A verdade é que ninguém nasce sabendo, mas todos podem aprender — e aprender da forma certa. A educação continuada é o caminho mais seguro para quem deseja evoluir na carreira, oferecer um cuidado mais completo e transformar a rotina dos pacientes com competência e confiança.

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Referências

Correia, L. O., et al. (2022). Promoção da saúde em pacientes idosos com hiponatremia: diagnósticos e intervenções de enfermagem. International Science Journal of Health Reference, 3(1), 1–15.

Fonseca, L. M., et al. (2021). Repercussões e manejo relacionados a Distúrbios Hidroeletrolíticos nos pacientes graves: uma revisão sistemática com meta-análise. Brazilian Journal of Health Review, 4(3), 7559–7572.

Kim, J., & Lee, H. (2022). “Impact of electrolyte imbalance management on outcomes in dialysis patients.” Nephrology Nursing Journal, 49(4), 361–370.

Li, H., Zhang, Y., Wang, Q. et al. (2023). “Nursing interventions for fluid and electrolyte imbalance in hemodialysis patients: a systematic review.” Journal of Renal Care, 49(1), 22–29.

Santos, M. C. L., et al. (2019). Atuação da enfermeira junto aos pacientes com distúrbios hidroeletrolíticos. Revista Brasileira de Enfermagem, 72(3), 774–780.

Silva, R. C., et al. (2020). Diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem em pacientes com lesão renal aguda. Acta Paulista de Enfermagem, 33, eAPE20190110.

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