Introdução
A anemia é uma complicação frequente em pacientes com Doença Renal Crônica (DRC). Ela ocorre quando os rins danificados não produzem quantidade suficiente de eritropoetina, hormônio que estimula a produção de glóbulos vermelhos. Essa deficiência leva à redução desses glóbulos no sangue, resultando em sintomas como cansaço, fraqueza e palidez.
Além disso, a anemia aumenta o risco de problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca e hipertensão. Para tratar essa condição, utiliza-se a eritropoetina sintética, que auxilia na produção de glóbulos vermelhos. É fundamental que os enfermeiros que atuam na área de nefrologia compreendam quando e como administrar essa terapia, garantindo a segurança e a eficácia do tratamento para os pacientes.
O Que é a Eritropoetina e Qual Seu Papel na DRC?
A eritropoetina é um hormônio produzido pelos rins que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio no corpo. Em pacientes com DRC, a capacidade dos rins de produzir eritropoetina é reduzida, levando à anemia. Para corrigir essa deficiência, utiliza-se a eritropoetina recombinante, uma versão sintética do hormônio, administrada por via subcutânea ou intravenosa. Essa terapia tem se mostrado eficaz na correção da anemia em pacientes com DRC, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo a necessidade de transfusões sanguíneas (Oliveira Junior et al., 2015).
Quando Administrar a Eritropoetina?
A administração de eritropoetina deve ser considerada em pacientes com DRC que apresentem hemoglobina (Hb) inferior a 10 g/dL, sintomas de anemia como fadiga, palidez, tontura e fraqueza, redução na qualidade de vida e capacidade funcional, ou necessidade de reduzir a dependência de transfusões sanguíneas (Pribbernow et al., 2020).
É importante que o uso seja individualizado e sempre sob orientação médica, para evitar complicações como hipertensão arterial e aumento do risco de trombose. Estudos demonstram que o emprego de eritropoetina melhora significativamente a qualidade de vida de pacientes com DRC no período pré-dialítico (Pribbernow et al., 2020).
Como Administrar a Eritropoetina?
A dose e a frequência de administração da eritropoetina dependem da resposta do paciente ao tratamento. A via subcutânea é frequentemente preferida, pois oferece maior eficiência com doses menores. Geralmente, a eritropoetina é aplicada no braço, coxa ou abdômen, necessitando de menor dose para efeito terapêutico e apresentando menos efeitos colaterais relacionados ao pico de concentração da medicação (Locatelli et al., 2013).
A via intravenosa é frequentemente utilizada em pacientes em hemodiálise, sendo administrada diretamente pela linha venosa durante a sessão de diálise, sendo preferida para pacientes com acesso vascular estabelecido. A escolha da via de administração deve ser baseada nas necessidades individuais de cada paciente e na orientação da equipe médica (Locatelli et al., 2013).
Cuidados de Enfermagem na Administração
Os enfermeiros desempenham um papel crucial na administração segura e eficaz da eritropoetina. É essencial monitorar regularmente os níveis de hemoglobina para evitar policitemia (Hb > 12 g/dL) e avaliar sinais de hipertensão, pois a eritropoetina pode elevar a pressão arterial (Macdougall & Ashenden, 2009).
Ainda, é importante assegurar a reposição adequada de ferro, já que a terapia com eritropoetina é mais eficaz quando os estoques de ferro estão suficientes. Os pacientes devem ser orientados sobre possíveis reações adversas, como dor no local da aplicação e cefaleia leve. A dose deve ser ajustada conforme a resposta do paciente e sob orientação médica (Macdougall & Ashenden, 2009).
A monitorização contínua desses parâmetros permite que o enfermeiro identifique rapidamente quaisquer alterações que possam indicar efeitos adversos ou a necessidade de ajustes no tratamento, garantindo que o paciente receba a melhor terapia possível com o menor risco de complicações (Macdougall & Ashenden, 2009).
Benefícios da Terapia com Eritropoetina para a Prática Clínica
O uso adequado da eritropoetina melhora significativamente a qualidade de vida dos pacientes renais, proporcionando redução do cansaço e melhora da capacidade física, menor necessidade de transfusões sanguíneas, redução do risco de doenças cardiovasculares associadas à anemia crônica e maior bem-estar e adesão ao tratamento da DRC. Estudos demonstram que o emprego de eritropoetina melhora significativamente a qualidade de vida de pacientes com DRC no período pré-dialítico (Palmer et al., 2010).
Conclusão
A eritropoetina é uma terapia essencial para corrigir a anemia em pacientes com DRC, e o enfermeiro desempenha um papel fundamental na administração e monitoramento dessa medicação. O conhecimento sobre indicações, vias de administração e cuidados necessários é essencial para garantir um tratamento seguro e eficaz.
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Referências
Locatelli, F., Bárány, P., Covic, A., De Francisco, A., Del Vecchio, L., Goldsmith, D., … & Vanholder, R. (2013). Kidney disease: Improving global outcomes guidelines on anaemia management in chronic kidney disease: A European Renal Best Practice position statement. Nephrology Dialysis Transplantation, 28(6), 1346-1359.
Macdougall, I. C., & Ashenden, M. (2009). Current and upcoming erythropoiesis-stimulating agents, iron products, and other novel anemia medications for chronic kidney disease. Advances in Chronic Kidney Disease, 16(2), 117-130.
Oliveira Júnior, W. V., Sabino, A. P., Figueiredo, R. C., & Rios, D. R. (2015). Inflamação e má resposta ao uso de eritropoetina na doença renal crônica. Jornal Brasileiro de Nefrologia, 37(2), 255-263.
Palmer, S. C., Navaneethan, S. D., Craig, J. C., Johnson, D. W., Tonelli, M., Garg, A. X., & Strippoli, G. F. (2010). Meta-analysis: erythropoiesis-stimulating agents in patients with chronic kidney disease. Annals of Internal Medicine, 153(1), 23-33.
Pribbernow, S. C. M., de Souza, M. V., Prompt, C. A., & Picon, P. D. (2020). Anemia e uso de eritropoetina nos pacientes em hemodiálise no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Clinical and Biomedical Research, 26(3).