Risco de Infecções no Paciente em Hemodiálise: Melhores Práticas de Prevenção

Introdução

A hemodiálise é um tratamento essencial para pacientes com doença renal crônica, permitindo a filtração do sangue quando os rins não conseguem mais desempenhar essa função. No entanto, apesar de ser um procedimento vital, ele também pode trazer riscos significativos, especialmente no que diz respeito às infecções.

Pacientes em hemodiálise estão mais vulneráveis a infecções devido à necessidade de acessos vasculares frequentes, ao contato constante com equipamentos e fluidos, e ao ambiente hospitalar, que pode conter microrganismos resistentes. Infecções podem levar a complicações graves, prolongamento da hospitalização e até mesmo à morte.

Dessa forma, para enfermeiros e profissionais de saúde, conhecer e aplicar as melhores práticas de prevenção de infecções na hemodiálise é fundamental para garantir um atendimento seguro e eficaz. Neste artigo, vamos abordar os principais riscos e as estratégias mais eficazes para reduzir a incidência de infecções e promover um tratamento mais seguro para os pacientes.

Principais riscos de infecção na hemodiálise

Os pacientes em hemodiálise enfrentam vários fatores de risco que podem aumentar sua vulnerabilidade a infecções. Essas infecções podem comprometer o acesso vascular, levar a complicações sistêmicas e até mesmo colocar a vida do paciente em perigo. Compreender os principais riscos é essencial para que os profissionais de saúde adotem medidas preventivas eficazes (Schaefer & Fernandes, 2021).

  • Acessos vasculares: O tipo de acesso utilizado para a hemodiálise influencia diretamente o risco de infecção. Cateteres venosos centrais (CVCs) apresentam o maior risco, pois oferecem uma porta de entrada direta para microrganismos. Já as fístulas arteriovenosas e enxertos têm um risco menor, mas também exigem cuidados rigorosos para evitar infecções (Fram et al., 2009);
  • Manipulação dos acessos: O contato frequente dos profissionais de saúde com os acessos vasculares aumenta a possibilidade de contaminação, especialmente se as boas práticas de assepsia não forem seguidas corretamente (Fram et al., 2009);
  • Ambiente hospitalar: Pacientes imunocomprometidos, como os que realizam hemodiálise, estão mais suscetíveis às bactérias multirresistentes presentes no ambiente hospitalar, o que pode levar a infecções de difícil tratamento (Karkar, 2018);
  • Equipamentos e superfícies contaminadas: A desinfecção inadequada das mãos, materiais e superfícies pode facilitar a transmissão de patógenos e aumentar o risco de infecção entre os pacientes (Karkar, 2018).

Melhores práticas para prevenção de infecções

A prevenção de infecções na hemodiálise depende da adoção de boas práticas de controle de infecção. Algumas das estratégias mais eficazes incluem:

  • Higienização correta das mãos: A lavagem das mãos é uma das medidas mais eficazes para evitar a transmissão de infecções. Profissionais de saúde devem higienizar as mãos antes e depois de tocar o paciente ou qualquer equipamento de diálise, utilizando álcool em gel 70% ou água e sabão (Kliger & Goldfarb, 2020);
  • Cuidados com os acessos vasculares: Fístula arteriovenosa: Deve ser sempre a primeira escolha para hemodiálise, pois tem menor risco de infecções. O monitoramento constante é essencial para prevenir infecções e tromboses; Catetervenosocentral(CVC): Quando o CVC for necessário, deve ser manipulado com o máximo de assepsia. O curativo deve ser trocado regularmente e sempre em ambiente estéril (Kliger & Goldfarb, 2020);
  • Uso adequado de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual): O uso correto de luvas, aventais e máscaras reduz a transmissão de agentes infecciosos. Durante o manuseio de acessos vasculares, esses equipamentos devem ser utilizados corretamente para evitar a contaminação (Marschall et al., 2014);
  • Desinfecção do ambiente e dos equipamentos: Todos os equipamentos devem ser devidamente higienizados entre um paciente e outro. Superfícies de contato frequente, como poltronas e bancadas, devem ser desinfetadas regularmente (Marschall et al., 2014);
  • Educação e orientação ao paciente: Os pacientes também devem ser orientados a manter os cuidados com seus acessos vasculares, evitar tocar no curativo do cateter e relatar qualquer sinal de infecção, como vermelhidão, dor ou secreção no local do acesso (Marschall et al., 2014).

Benefícios para a Prática Clínica

A implementação das melhores práticas para a prevenção de infecções em pacientes em hemodiálise não apenas reduz os riscos à saúde dos pacientes, mas também melhora significativamente a qualidade do atendimento prestado pela equipe de enfermagem. Alguns dos principais benefícios incluem:

  • Redução das taxas de infecção: A adoção de protocolos rigorosos de assepsia e higienização reduz a incidência de infecções associadas ao acesso vascular, prevenindo complicações graves, como sepse e hospitalizações prolongadas. Estudos recentes apontam que a aplicação consistente dessas medidas pode diminuir em até 50% as taxas de infecção relacionadas a cateteres venosos centrais (Miller et al., 2016);
  • Maior segurança para o paciente: Pacientes submetidos à hemodiálise já possuem um sistema imunológico comprometido, tornando-os mais vulneráveis a infecções. Garantir um ambiente seguro e protocolos eficazes de controle de infecções melhora a segurança do paciente e aumenta sua confiança na equipe de saúde (Miller et al., 2016);
  • Redução de custos hospitalares: Infecções hospitalares resultam em internações prolongadas e aumentam os custos com antibióticos e tratamentos adicionais. Segundo pesquisas recentes, programas de prevenção bem estruturados podem reduzir significativamente os custos associados ao tratamento de complicações infecciosas (Pisoni et al., 2015);
  • Aprimoramento da qualidade do atendimento: Enfermeiros capacitados e atualizados conseguem oferecer um cuidado mais seguro e humanizado, tornando o ambiente clínico mais organizado, eficiente e acolhedor para os pacientes. Além disso, a equipe de enfermagem se sente mais confiante e motivada ao perceber que está contribuindo para a melhora dos indicadores de qualidade da unidade de diálise (Pisoni et al., 2015).

Conclusão

A prevenção de infecções em pacientes em hemodiálise é um compromisso de toda a equipe de saúde e exige um esforço contínuo na adoção de boas práticas, higiene rigorosa e protocolos atualizados. Pequenas ações diárias, como a higienização adequada das mãos e a manipulação correta dos acessos vasculares, fazem toda a diferença na redução dos riscos.

Investir na qualificação profissional é essencial para garantir um atendimento seguro e de alta qualidade. Enfermeiros especializados em nefrologia possuem um conhecimento mais aprofundado sobre os cuidados com pacientes renais e estão preparados para aplicar as melhores estratégias de prevenção de infecções.

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Referências Bibliográficas

Fram, D. S., Taminato, M., Ferreira, D., Neves, L., Belasco, A. G. S., & Barbosa, D. A. (2009). Prevenção de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateter em pacientes em hemodiálise. Acta Paulista de Enfermagem, 22(1), 564–568.

Karkar, A. (2018). Infection control guidelines in hemodialysis facilities: A position paper by the Saudi Center for Disease Prevention and Control. Journal of Infection and Public Health, 11(6), 789–795.

Kliger, A. S., & Goldfarb, D. S. (2020). Prevention of hemodialysis catheter-related bloodstream infections: Best practices from the CDC. Kidney International, 98(2), 294–295.

Marschall, J., Mermel, L. A., Fakih, M., Hadaway, L., Kallen, A., O’Grady, N. P., … & Yokoe, D. S. (2014). Strategies to prevent central line–associated bloodstream infections in acute care hospitals: 2014 update. Infection Control & Hospital Epidemiology, 35(7), 753–771.

Miller, L. M., Clark, E., Dipchand, C., Hiremath, S., Kappel, J., Kiaii, M., … & Tonelli, M. (2016). Hemodialysis tunneled catheter-related infections. Canadian Journal of Kidney Health and Disease, 3, 2054358116669129.

Pisoni, R. L., Zepel, L., Port, F. K., & Robinson, B. M. (2015). Trends in US vascular access use, patient preferences, and related practices: an update from the US DOPPS practice monitor with international comparisons. American Journal of Kidney Diseases, 65(6), 905–915.

Schaefer, R. F., & Fernandes, S. C. C. (2021). Hemodiálise: análise das taxas de infecção relacionadas aos acessos. Revista Recien – Revista Científica de Enfermagem, 11(33), 178–185.

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