Cateter Venoso Central para Hemodiálise: Tipos, Indicações e Cuidados de Enfermagem

Introdução

O cateter venoso central (CVC) é um dos principais acessos utilizados para hemodiálise, especialmente em pacientes que não possuem uma fístula arteriovenosa ou enxerto. Ele desempenha um papel essencial ao permitir a filtração do sangue e a remoção de toxinas em pessoas com insuficiência renal, proporcionando um meio rápido e eficaz para a realização da terapia dialítica. No entanto, seu uso requer cuidados específicos para evitar complicações, como infecções e obstruções, que podem comprometer o tratamento e a segurança do paciente.

Diante desse cenário, o papel da enfermagem torna-se indispensável na manutenção do cateter e na prevenção de complicações. Com conhecimentos atualizados e práticas seguras, os enfermeiros podem garantir um procedimento mais eficiente e humanizado. Neste artigo, abordaremos os principais tipos de cateteres, suas indicações e os cuidados fundamentais de enfermagem para um atendimento de qualidade.

Tipos de Cateter Venoso Central para Hemodiálise

Os CVCs para hemodiálise podem ser classificados em dois tipos principais: temporário e permanente. Cada um possui características específicas e indicações de uso distintas.

O cateter temporário é utilizado em situações emergenciais ou quando o paciente ainda não possui um acesso definitivo, como uma fístula arteriovenosa. Geralmente, ele é inserido em veias de fácil acesso, como a jugular interna, femoral ou subclávia. Entretanto, apresenta maior risco de infecção e trombose, exigindo cuidados rigorosos na sua manutenção (Benício et al., 2021).

Já o cateter permanente (tunelizado) é indicado para pacientes que necessitam de hemodiálise a longo prazo e não possuem outro acesso vascular disponível. Esse tipo de cateter apresenta menor risco de infecção, pois passa por um túnel subcutâneo antes de entrar na veia, reduzindo a exposição direta a microrganismos. Além disso, é mais confortável para o paciente e pode ser utilizado por um período prolongado (Balbinotto et al., 2020).

Indicações do Uso do CVC em Hemodiálise

O cateter venoso central é indicado nos seguintes casos:

  • Pacientes que iniciam a hemodiálise de forma emergencial;
  • Indivíduos que aguardam a maturação da fístula arteriovenosa ou enxerto;
  • Situações em que o acesso vascular definitivo não é viável;
  • Pacientes com fístula ou enxerto disfuncional (Moureau & Chopra, 2016).

Cuidados de Enfermagem com o CVC

O cateter venoso central (CVC) é um dispositivo amplamente utilizado em pacientes que necessitam de hemodiálise, especialmente quando não possuem uma fístula arteriovenosa madura ou em situações de emergência. A equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na manutenção e prevenção de complicações associadas a esse dispositivo, garantindo a segurança e o bem-estar do paciente (KDOQI, 2020).​

  • Higienização e Manutenção do Curativo: A troca regular do curativo do CVC é essencial para prevenir infecções. Utilizar técnicas assépticas durante o procedimento é crucial. A inspeção diária do local de inserção do cateter permite a identificação precoce de sinais de infecção, como vermelhidão, inchaço ou secreção purulenta. Manter o curativo limpo e seco é uma medida preventiva importante (Miller & Carlton, 2018);
  • Prevenção de Infecção: A higienização adequada das mãos antes e após o manuseio do cateter é uma prática básica, mas vital, para evitar contaminações. O uso de luvas estéreis e materiais adequados durante a troca do curativo reduz significativamente o risco de infecção. É fundamental evitar a manipulação desnecessária do cateter para minimizar possíveis contaminações (Miller & Carlton, 2018);
  • Manutenção da Permeabilidade do Cateter: Para garantir o funcionamento adequado do CVC, é necessário realizar a heparinização correta após cada sessão de diálise, conforme os protocolos estabelecidos. Observar sinais de obstrução, como dificuldade no fluxo sanguíneo, permite intervenções precoces e evita complicações maiores (Poinen et al., 2019);
  • Orientação ao Paciente: Educar o paciente sobre os cuidados com o cateter é essencial. Orientá-lo a evitar molhar o curativo durante o banho, a relatar imediatamente qualquer sintoma incomum, como febre ou dor no local do cateter, e a manter o curativo sempre seco e protegido são medidas que contribuem para a longevidade do acesso e para a saúde geral do paciente (Poinen et al., 2019).

Benefícios para a Prática Clínica

A capacitação contínua dos enfermeiros na manutenção e manuseio adequado do CVC resulta em diversos benefícios na prática clínica. Profissionais bem treinados conseguem identificar e intervir precocemente em potenciais complicações, como infecções da corrente sanguínea e tromboses, aumentando a segurança do paciente (Wang et al., 2017).

Além disso, a aplicação de protocolos atualizados e baseados em evidências científicas promove um atendimento mais eficaz e humanizado, refletindo diretamente na qualidade do cuidado prestado.

Conclusão

O manejo adequado do cateter venoso central é uma responsabilidade crucial da equipe de enfermagem no contexto da hemodiálise. Conhecer e aplicar os cuidados necessários não apenas previne complicações, mas também assegura um tratamento mais seguro e eficaz para o paciente. Investir em educação continuada e especialização na área de nefrologia é fundamental para o aprimoramento profissional e para a excelência na assistência.​

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Referências

Balbinotto, A., Garcés, E. E. O., Guimarães, J. de F., Thomé, F. S., & Barros, E. (2020). Protocolo de acesso vascular para hemodiálise: cateter venoso central. Clinical and Biomedical Research, 26(3).

Benício, L. B. B., Sirleide, M. T. R. B., Rangel, S. C., Ornellas, B. C., Araujo, C. R., Mateus, G. S., Mendes, P. N., Silva, G. S. V., Lima, P. O., Almeida, H. F., Pinheiro, M. L. P., Andrade, R. O., Silva, T. R., & Sanhudo, N. F. (2021). Melhores práticas para manutenção do cateter venoso central semi-implantado. International Journal of Development Research, 11, Artigo 22627.

KDOQI Clinical Practice Guideline for Vascular Access: 2019 Update. (2020). American Journal of Kidney Diseases, 75(4), S1-S164.

Miller, P. E., & Carlton, D. (2018). Hemodialysis central venous catheters: current concepts and challenges. Advances in Chronic Kidney Disease, 25(5), 457-464.

Moureau, N., & Chopra, V. (2016). Indications for peripheral, midline, and central catheters: summary of the MAGIC recommendations. Journal of the Association for Vascular Access, 21(3), 140-146.

Poinen, K., Quinn, R. R., Clarke, A., Ravani, P., Hiremath, S., & Perl, J. (2019). Complications from tunneled hemodialysis catheters: a Canadian observational cohort study. American Journal of Kidney Diseases, 73(4), 467-475.

Wang, K., Wang, P., Liang, X., & Lu, X. (2017). Comparison of tunneled-cuffed and non-tunneled uncuffed central venous catheters for hemodialysis: a meta-analysis. The International Journal of Artificial Organs, 40(5), 213-221.

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