Vantagens e Desafios da Diálise Peritoneal em Relação à Hemodiálise: Uma Visão para Enfermeiros

Introdução

A diálise é uma terapia essencial para prolongar a vida de pacientes com insuficiência renal crônica em estágios avançados. No Brasil, onde as doenças renais estão se tornando cada vez mais prevalentes, a escolha entre a diálise peritoneal (DP) e a hemodiálise (HD) é um momento crucial no planejamento do tratamento.

Essa decisão envolve não apenas fatores clínicos, mas também aspectos econômicos e sociais, exigindo do enfermeiro um entendimento profundo de ambas as modalidades. Este artigo busca apresentar as vantagens e desafios da DP em relação à HD, destacando a importância do enfermeiro como agente facilitador e a relevância da especialização em nefrologia para melhorar a qualidade do cuidado oferecido.

O que é Diálise Peritoneal e Hemodiálise?

A diálise peritoneal (DP) é um método domiciliar que utiliza o peritônio, uma membrana que reveste a cavidade abdominal, como filtro para eliminar toxinas e excesso de líquidos. Por ser realizada em casa, ela oferece maior flexibilidade ao paciente, que pode administrar o tratamento em horários adaptados à sua rotina (Himmelfarb, 2020).

Já a hemodiálise (HD) é realizada em clínicas ou hospitais e utiliza uma máquina para filtrar o sangue do paciente por meio de um acesso vascular. Esse método é geralmente recomendado para pacientes com condições que dificultem a adesão à DP ou em casos de insuficiência renal muito avançada (NKF, 2023).

Vantagens da Diálise Peritoneal

A diálise peritoneal oferece diversos benefícios, alguns deles são:

  • Flexibilidade e Autonomia: A DP pode ser realizada em casa, permitindo que os pacientes adaptem o tratamento à sua rotina. Isso beneficia principalmente aqueles que mantêm atividades profissionais ou escolares.
  • Menor Dependência de Centros de Diálise: Reduz a necessidade de deslocamentos frequentes, algo especialmente vantajoso para pacientes que vivem em regiões remotas.
  • Preservação da Função Renal Residual: Estudos apontam que a DP tende a preservar a função renal residual por mais tempo, o que está associado a melhor qualidade de vida e prognóstico (Jain et al., 2020).

Desafios da Diálise Peritoneal

Apesar dos benefícios, a DP apresenta desafios importantes:

  • Risco de Peritonite: Uma das principais complicações da DP é a infecção do peritônio. O enfermeiro tem papel essencial na orientação sobre a técnica asséptica e sinais de alerta, como dor abdominal e febre.
  • Adesão ao Tratamento: Nem todos os pacientes se adaptam à rotina da DP. Requer disciplina e habilidade técnica que precisam ser continuamente monitoradas.
  • Limitações Clínicas: Pacientes com aderências abdominais ou infecções recorrentes podem não ser elegíveis para DP (Mehrotra et al., 2021).

Comparando a Hemodiálise

A HD também possui características específicas:

  • Maior Controle Profissional: A HD permite monitoramento mais frequente e direto da condição do paciente em centros especializados.
  • Carga de Tempo: Apesar do controle, a HD exige que o paciente disponha de cerca de quatro horas, três vezes por semana, em uma unidade de saúde.
  • Complicações Cardiovasculares: Alterações rápidas de volume durante a HD podem impactar negativamente o sistema cardiovascular, especialmente em idosos ou pacientes com comorbidades (Saran et al., 2021).

O Papel do Enfermeiro

O enfermeiro desempenha um papel crucial no sucesso da diálise, seja na DP ou na HD. Na DP, ele educa o paciente sobre a técnica e os cuidados necessários para prevenir infecções. Já na HD, atua monitorando o paciente durante as sessões, identificando precocemente possíveis complicações. A prática do enfermeiro é essencial para promover a adesão ao tratamento e melhorar a qualidade de vida do paciente (Nursing Times, 2022).

Benefícios para a Prática Clínica

Compreender as vantagens e desafios de cada modalidade permite que o enfermeiro personalize o cuidado, promovendo maior segurança e eficácia. Por exemplo, na DP, reforçar a importância da assepsia ajuda a prevenir a peritonite, enquanto na HD, monitorar sinais vitais durante o procedimento previne complicações agudas.

Dicas práticas incluem:

  • Utilize materiais educativos visuais para ensinar os passos da DP.
  • Estabeleça um canal aberto para comunicação com o paciente, facilitando a resolução de dúvidas.
  • Atualize-se continuamente sobre diretrizes e tecnologias na área de diálise.

Conclusão

A escolha entre DP e HD não é apenas clínica; envolve também aspectos emocionais, sociais e financeiros que devem ser discutidos com o paciente e sua família. A especialização em nefrologia capacita os enfermeiros a desempenharem um papel chave nesse processo, garantindo qualidade de vida e segurança para os pacientes.

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Referências

Himmelfarb J, Ikizler TA. Hemodialysis. New England Journal of Medicine, 2020.

Jain AK, Blake P, Cordy P, Garg AX. Global Trends in Rates of Peritoneal Dialysis. Journal of the American Society of Nephrology, 2020.

Mehrotra R, Devuyst O, Davies SJ, Johnson DW. The Current State of Peritoneal Dialysis. Journal of the American Society of Nephrology, 2021.

National Kidney Foundation. Peritoneal Dialysis: What You Need to Know. NKF Guide, 2023.

Nursing Times. The Role of Nurses in Dialysis Care. Nursing Research Journal, 2022.

Saran R, Robinson B, Abbott KC, et al. US Renal Data System 2020 Annual Data Report. American Journal of Kidney Diseases, 2021.

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